Nesta quarta-feira (1º), o vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, foi expulso do partido Patriota após fazer um discurso na Câmara dos Vereadores questionando a repercussão do caso de trabalhadores em situação análoga à escravidão em vinícolas gaúchas.
No discurso, Fantinel culpou os empregados pelas condições em que foram encontrados e pediu que os produtores da região não contratassem mais “aquela gente lá de cima”, em referência à Bahia, de onde a maioria dos 207 trabalhadores resgatados era natural. Ele questionou se os patrões deveriam pagar os empregados para fazer limpeza e sugeriu que os trabalhadores deveriam ser colocados em hotéis cinco estrelas para evitar problemas com o Ministério do Trabalho.
O partido classificou o discurso de Fantinel como “desrespeitoso e inaceitável” e disse que o tom foi maculado por “grave desrespeito a direitos constitucionalmente assegurados”, como a dignidade humana.
O caso que motivou o discurso ocorreu na semana passada, quando a Polícia Federal do Rio Grande do Sul encontrou os trabalhadores em uma situação degradante após três deles procurarem a unidade operação de Caxias do Sul para dizer que haviam fugido de um alojamento em que eram mantidos contra a vontade. Segundo a PF, a empresa que mantinha os trabalhadores em condições análogas à escravidão tem contratos com diversas vinícolas da região, presta serviços de apoio administrativo e os trabalhadores teriam sido contratados para atuar na colheita da uva.
Fantinel tentou justificar suas palavras em entrevista à RBS TV, afirmando que sua intenção era advertir os produtores a terem “um certo cuidado”. Ele também disse que suas palavras sobre os baianos foram mal interpretadas e que apenas afirmou que eles gostam de “tocar tambor e ficar na praia”.
A expulsão do vereador do partido Patriota mostra uma rejeição clara e inequívoca a discursos desrespeitosos e preconceituosos sobre direitos humanos e trabalhistas no Brasil.
