Lula responde sobre corrupção na Petrobras durante entrevista no JN; leia

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à presidência da República novamente em 2022, teve que enfrentar perguntas sobre a corrupção que se abateu na Petrobras durante o seu governo e que resultou na Operação Lava Jato. Durante a sabatina no Jornal Nacional, da TV Globo, o petista não negou que houve desvios de dinheiro público na empresa, mas apontou que foi perseguido por procuradores e juízes na apuração.

Na sabatina, Lula também respondeu sobre economia e defendeu a atuação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016 em meio a uma crise econômica. Segundo ele, a petista foi prejudicada pelas ações do parlamento brasileiro, personficado em figuras como Eduardo Cunha e Aécio Neves.

CORRUPÇÃO

“Eu acho importante você ter começado o debate com essa pergunta, porque durante cinco anos eu fui massacrado e hoje eu tenho a oportunidade de dizer que a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, que colocamos a CGU [Controladoria Geral da União] para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, a Lei contra o Crime Organizado, a Lei contra Lavagem de Dinheiro, a AGU [Advocacia Geral da União] entrou no combate à corrupção, criamos o COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para cuidar de movimentações financeiras atípicas e colocamos o CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para combater os cartéis. Ou seja, todas as medidas foram tomadas no meu governo. Além do Ministério Público, que era independente. E a Polícia Federal recebeu no meu governo mais liberdade do que em qualquer outro momento da história. Você está lembrado que em 2005, quando surgiu a questão do mensalão, eu cheguei a dizer o seguinte: só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado nesse país, é não cometer erros. Se cometer erro, será investigado. Se alguém comete erro, apura, julga, condena ou absolve e está resolvido o problema”, defendeu Lula, sobre as ações tomadas durante seu primeiro governo contra a corrupção.

“Qual foi o equívoco da Lava Jato? Enveredou por um caminho político complicado. A lava jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política e o objetivo era condenar o Lula. Não sei se você está lembrando do primeiro depoimento que eu fui dar ao Moro. Eu falei: Moro, você está condenado a me condenar, porque você já permitiu que a mentira fosse longe demais. E você sabe o que estou falando e aconteceu exatamente isso. Quando entramos com Habeas Corpus na Suprema Corte, foi antes e bem antes do hacker”, comentou Lula sobre a Lava Jato.

ECONOMIA

“Você não deve lembrar o que meus economistas viram nas eleições de 2002. Duas pessoas do FMI vinham investigar o Brasil. Os economistas diziam que o Brasil estava quebrado. O que nós fizemos? Reduzimos a inflação para metade, reduzimos a dívida pública, nós fizemos uma reserva de 360 bilhões de dólares e empréstimo 15 milhões ao FMI. Tem três palavras básicas para governar o país: estabilidade, previsibilidade e credibilidade. Nunca antes na história desse país houve uma chapa como essa de Lula e Alckmin”, afirmou Lula.

“Você não deve lembrar o que meus economistas viram nas eleições de 2002. Duas pessoas do FMI vinham investigar o Brasil. Os economistas diziam que o Brasil estava quebrado. O que nós fizemos? Reduzimos a inflação para metade, reduzimos a dívida pública, nós fizemos uma reserva de 360 bilhões de dólares e empréstimo 15 milhões ao FMI. Tem três palavras básicas para governar o país: estabilidade, previsibilidade e credibilidade. Nunca antes na história desse país houve uma chapa como essa de Lula e Alckmin. A Dilma é uma das pessoas que eu tenho o mais profundo respeito. Ela fez um primeiro mandato extraordinário e ela se endividou para manter as políticas sociais e o pleno emprego”, defendeu o ex-presidente.

“Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela, Eduardo Cunha e Aécio Neves. Cunha trabalhou contra ela o tempo inteiro”, criticou o petista.

Foto: Reprodução / TV Globo

POLÍTICA

“Quando você deixa o governo, quem ganha vai governar do jeito que entender. Vou voltar para fazer as coisas melhor do que eu fiz. Um homem de 76 anos de idade, se voltar a governar, eu acho que é possível retomar, gerar melhorias de vida para as pessoas. Eu vou voltar para provar que é possível fazer mais. Espero que, se eu voltar, vocês me convidem para vir aqui uma vez por mês. Hoje tenho 10 partidos e o Alckmin. Me juntei para mostrar que política não tem que ter ódio. A vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática. Não existe democracia sem estabelecer relações com o Congresso. O Centrão não é um partido. Quem ganhar as eleições, se for a Renata ou o Bonner, vai ter que conversar com o Congresso. Vai conversar com os partidos separados”, respondeu Lula.


“O que acho maravilhoso denunciar a corrupção. Se tiver problema tem que ser denunciado. Na empresa privada ou pública. Não é possível guardar a corrupção sem levar em conta o prejuízo que isso traz. Para que quando descobrir as pessoas possam ser punidas. O Bolsonaro é refém do Congresso, ele sequer cuida do orçamento. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da república. Acabar com a história do semipresidencialismo, ele parece o bobo da corte”, apontou o ex-presidente


“Vamos trabalhar na campanha a questão da eleição. Os governadores estão reféns das receitas secretas. Hoje os deputados não conversam mais. Tem deputado liberando mais de R$ 200 milhões. Vamos resolver conversando com os deputados. Espero que a sociedade aprenda uma lição grande”, afirmou o petista.

ALCKMIN COMO VICE

“Não estamos vivendo no mesmo mundo. Que sujeito esperto e habilidoso [Alckmin]. Ele fez um discurso que fiquei com inveja. Alckmin foi aceito pelo PT de corpo e alma. A experiência dele como governador de São Paulo vai me ajudar a consertar esse país. Ele tem que voltar a crescer. Bonner, feliz era o Brasil quando a democracia era o duelo entre PT e PSDB. Não se tratava como inimigo”, comentou Lula.

“Política é assim: você tem divergência, você briga, mas não é inimigo. Não estimula a polarização. É saudável para o mundo inteiro. Toda vez que tem mais de uma pessoa participando, tem polarização. Não tem no Partido Comunista Chinês, no Partido Comunista Cubano. A polarização é saudável, faz a militância carregar bandeira. É importante não confundir a polarização com ódio. Aprendi na minha vida a conversar e negociar com os contrários”, disse o ex-presidente.

Foto: Reprodução / TV Globo

AGRONEGÓCIO

“Queria que trouxesse o mais reacionário representante [do agronegócio] para ver o que o Bolsonaro fez que chegasse perto do que fizemos. Fizemos uma MP [medida provisória] que fez uma negociação com os produtores rurais de R$ 85 bilhões. Senão, tinham quebrado. Eles contribuem na nossa política de defesa da Amazônia. Isso não faz com que sejam contra nós. Outro dia, fui numa reunião e perguntei que terra que o [Movimento dos Trabalhadores] Sem Terra invadiu. Tinha hora que eu achava que o Sem Terra invadia a terra para o governo pagar indenização aos fazendeiros”, disse Lula. 

“[Ruim é o ] Agronegócio que é fascista e direitista. Outros querem preservar nossas águas e nossa fauna. O atual presidente tinha um ministro que dizia que era para invadir a Amazônia. Precisamos explorar a Amazônia para tirar produtos e gerar emprego. O MST está fazendo uma coisa extraordinária, que é produzir. O MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. O MST de 30 anos atrás não existe mais. O que queremos é pacificar esse país. O pequeno produtor rural tem que viver pacificamente com o grande produtor. Um produz mais internamente e o outro externamente. É extremamente importante a convivência pacifica”, continuou.


POLÍTICA INTERNACIONAL 

“Para um democrata, a gente precisa respeitar a autodeterminação dos povos. Cada país cuida do seu país. Em 2003, criei o grupo de amigos junto com os EUA e a Espanha. Você sabe que eu tenho na minha cabeça que não existe ninguém imprescindível e insubstituível. Se ele se acha insubstituível, aí ele está virando um ditador. Sou favorável à alternância do poder. Tem um de direita, um de esquerda, um de centro, é assim que a sociedade caminha. Se eu ganhar as eleições, você vai ver a enxurrada de amigos que vão voltar a visitar o Brasil”, finalizou o ex-presidente.

Fonte: Bahia Notícias

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