Contextualização histórica do distrito de São Roque do Paraguaçu

São Roque do Paraguaçu localiza-se nas coordenadas geográficas de latitude 12°51’7.84″ Sul e longitude 38°50’55.83″ Oeste. Pertencente ao Município de Maragogipe, criado em 1881 pela Lei Provincial n. 2.179 e transformado em distrito pelo Decreto Estadual n. 8.311 no ano de 1933. Em 17 de outubro de 1961 criou-se o município de São Roque do Paraguaçu, desmembrado de Maragogipe. Contudo, por motivos desconhecidos, a Assembléia Legislativa não procedeu na realização do plebiscito comprobatório, não havendo legitimação do novo município.
O distrito de São Roque do Paraguaçu mantém as mesmas características naturais dos demais municípios que compõem o Recôncavo Baiano, principalmente no que se refere às condições de clima e vegetação. Em termos econômicos, o distrito viveu grande período de estagnação econômica com surtos de crescimento motivados por fatores exógenos como a Estrada de Ferro de Nazaré que transportava além de passageiros, a produção de manganês extraído das minas existentes nas proximidades da cidade de Santo Antônio de Jesus e o Porto da Vila que escoava esta produção, as rodovias BRs e o Canteiro de Obras da Petrobras, o que não constituíram até então em ponto de apoio suficiente para a modificação da estrutura produtiva da região. Neste tempo, fez-se necessária a existência em São Roque do Paraguaçu, de uma infra-estrutura voltada ao atendimento dessa
demanda.

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O MARAGOGIPE FOI O ULTIMO GRANDE BARCO PARA
TRANSPORTE NA REGIÃO

Alguns moradores mais antigos ressaltam a importância histórica das 4 grandes embarcações responsáveis pelo transporte tanto de passageiros como de mercadorias: Paraguaçu, Itaparica, João das Botas e o Maragogipe. Além de promover o transporte à custo baixo de passageiros e produtos do recôncavo, esse sistema era responsável pela intensificação do intercâmbio regional e do comércio local, pois constituía-se como principal meio de apoio aos pescadores e marisqueiros que vendiam seus produtos na Feira de São Joaquim em Salvador.

O relato7 a seguir dá uma noção rica em detalhes de como era a vida nos tempos áureos de São Roque com a grande feira impulsionada pela Estrada de Ferro e as linhas marítimas das décadas de 40 e 50:


“Lembro que em Janeiro de 1941 o primeiro trem passou
por São Roque e em 1942 foi construído 120 metros dos
600 previstos do cais da Vila. Você sabia que São Roque
era ponto de ‘fundeação’ em tempo de tormenta e
também de embarque de manganês? (…) Os temporais
na época eram terríveis, hoje é só uma chuvinha! A
indústria de fumo, a Dannemann, era muito importante
também! Em 1945 aportou o primeiro navio aqui. Na
época do terminal do trem (fim da década de 30), que
ficava logo ali no prédio Administrativo do SIMAS8, existia
maior equidade de renda para todos, todo mundo vendia
e comprava na Feira que ficava próximo, tinha o
abatedouro também, os estaleiros. Não era como hoje
que existe as classes e a maioria tá sem dinheiro. Na
época tinha muito conflito também entre a Magnesita e os
dirigentes da fazenda. (…) As festas eram pomposas, o
capital girava sem obstáculos, tinha loja de grife aqui…
Hoje tudo é esse Canteiro, e quando a obra acaba fica
todo mundo aí….” (Sr. Antonio Mendes “Tripinha” –
nascido em São Roque na década de 30)

Com a implantação do Canteiro de Obras da Petrobras em São Roque do Paraguaçu, em 1977, elaborou-se o Plano Diretor da cidade condicionado basicamente pela necessidade do ordenamento do uso do solo na vila de São Roque do Paraguaçu. Neste PD estavam previstas instruções básicas para o desenvolvimento de condições mínimas em termos de infra-estrutura física e urbano social de apoio ao Canteiro, além de diretrizes gerais capazes de orientar os procedimentos relativos a política de proteção do meio ambiente. Vale ressaltar que para a construção do Canteiro de Obras boa parte do manguezal da área chamada ‘Periquito’ foi aterrada, o que causou grandes danos ao meio ambiente.
Neste Plano Diretor é feita uma análise bastante significativa da história do distrito. Identifica a década de 60 como o fim do apogeu em decorrência da desativação de algumas etapas da estrada de ferro e a conseqüente redução do ritmo de crescimento demográfico. A decadência total da região e a volta à estagnação econômica ocorreria a partir de 1967, com a desativação por completo da ferrovia e do terminal de São Roque, a construção da ponte do Funil e o início do sistema ferry-boat ligando Salvador à Ilha de Itaparica.

“Lembro também da última viagem do trem, foi muito triste,
ocorreu em 1971. Nos vagões, restos de trechos da
ferrovia sendo levados para Nazaré. Ao contrário da
ferrovia, com as rodovias a mercadoria chega no destino
certo.” (Sr. Antonio Mendes “Tripinha”, São Roque do
Paraguaçu.)

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