Polícia Civil apreende R$ 1 milhão em dinheiro vivo e deflagra operação nacional contra facções criminosas

Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí resultou em centenas de mandados de busca, prisão e apreensão em todo o país

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou nesta quarta-feira (7) a quarta fase da Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí, que visa combater a lavagem de dinheiro de facções criminosas. A ação, que abrangeu Mato Grosso do Sul e outros 22 estados brasileiros, resultou na cumprimento de 403 ordens judiciais. Durante uma busca em Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande, a polícia encontrou a quantia de R$ 1 milhão em dinheiro vivo.

Além dos mandados de busca e apreensão, também foram executadas ordens de prisão preventiva em diversas cidades de Mato Grosso do Sul, incluindo Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Amambai. Durante as primeiras horas da operação, as autoridades apreenderam uma escopeta e uma espingarda calibre 32 na cidade de Dourados. Um policial militar da reserva foi levado para a delegacia, interrogado e liberado posteriormente.

No total, foram cumpridos 403 mandados de busca e apreensão, realizadas quatro prisões preventivas, confiscados 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. Além disso, outros 86 veículos e 42 imóveis com restrições e indisponibilidade foram alvo da ação. As contas bancárias de 188 investigados, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, foram bloqueadas.

Excetuando os imóveis, os bens apreendidos ou indisponíveis têm um valor aproximado de R$ 43 milhões. A operação teve início em 2021, visando desarticular uma organização criminosa envolvida no tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas em várias regiões do Rio Grande do Sul. A investigação revelou várias ramificações da facção criminosa, demonstrando que muitos dos criminosos comandavam as atividades ilícitas de dentro do sistema prisional.

Segundo o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) de Passo Fundo (RS), foi possível identificar ligações da organização criminosa com duas facções atuantes no estado e a nível nacional. As diligências conduzidas levaram à identificação do líder da célula responsável pelo tráfico na região norte do Rio Grande do Sul, o que permitiu a realização de diversas ações para desvendar a rede de distribuição de drogas, os beneficiários do tráfico, os envolvidos na lavagem de dinheiro e os destinatários dos valores enviados para as instâncias superiores da facção.

A investigação revelou um vasto conteúdo relacionado ao tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarros e várias operações financeiras, incluindo transferências de dinheiro, depósitos, transações via Pix e o uso de contas bancárias tanto de pessoas físicas como jurídicas, algumas criadas exclusivamente para lavar dinheiro proveniente das atividades criminosas.

Durante as apurações, foram identificados vários “laranjas” de alto escalão, responsáveis por disponibilizar suas contas bancárias para receber e repassar os valores do tráfico para outros níveis da organização. Além disso, constatou-se que muitos dos investigados, obtidos por meio de interceptações telefônicas, eram provenientes de outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e Bahia.

De acordo com o delegado, muitos desses indivíduos movimentavam quantias expressivas de dinheiro, mas viviam em locais modestos que não condiziam com suas transações financeiras. Também foram identificadas empresas fantasmas e contas bancárias utilizadas exclusivamente para atividades de lavagem de dinheiro.

Ao longo da investigação, foram registradas várias transferências eletrônicas para pessoas físicas e jurídicas em todo o país, envolvendo quantias consideráveis. Além disso, foram identificados inúmeros depósitos fracionados, realizados geralmente na mesma data, diretamente no caixa, dificultando sua identificação.

A polícia destacou quatro investigados de grande relevância, um deles movimentando mais de R$ 6 milhões em poucos meses, outro com cerca de R$ 36 milhões e duas empresas fantasmas que movimentaram montantes expressivos, um total de aproximadamente R$ 122 milhões. Durante os nove meses da investigação, foram movimentados cerca de R$ 293,3 milhões, e mais de R$ 2 bilhões em movimentações suspeitas foram identificados.

A Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí já teve outras três fases anteriores, resultando em um total de 65 prisões, 110 mandados de busca e apreensão cumpridos, além da apreensão de 720 quilos de maconha, 26,8 quilos de cocaína e vários veículos. Diversos suspeitos continuam detidos desde a primeira fase da operação.

A operação teve como objetivo desarticular uma complexa rede de lavagem de dinheiro envolvendo facções criminosas atuantes em todo o Brasil.

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