Integrante do clã Floquet, filha de ex-líder do tráfico é morta no Alto das Pombas

Fabíola era irmã do traficante Coco, morto em confronto com a polícia no bairro

O assassinato de uma mulher pode ter encerrado a atuação de um clã que se mantém desde o final da década de 1980 com o tráfico de drogas no bairro do Alto das Pombas, em Salvador. Fabíola Floquet Miranda Caldas, 32 anos, foi baleada por três homens a poucos metros de sua casa. Ela era filha da traficante Selma Floquet, que foi presa em 2016 quando estava à frente do ramo da família

Segundo fontes da Polícia Civil (PC), Fabíola foi surpreendida pelos criminosos em uma boca-de-fumo, no último domingo (9). “O que chegou pra a gente é que ela estava vendendo”, disse um dos agentes que apura o crime. Fabíola foi socorrida por parentes ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.

Um outro policial informou que os remanescentes do clã se associaram ao Bonde do Maculo (BDM), que passou a controlar o Alto das Pombas. Já no lado do Calabar, região vizinha, o tráfico é comandado pelo Comando Vermelho (CV). Ainda de acordo com as fontes da PC, até o momento não informação de que a execução de Fabíola está ligada a um possível ataque do CV.

Em nota, PC disse que a autoria e o motivo da morte de Fabíola estão sendo investigados pela 1ª Delegacia de Homicídios/Atlântico. “ Oitivas e diligências são realizadas para auxiliar na elucidação do crime”, diz nota enviada à reportagem.

Em um segundo momento, foi a reportagem perguntou à PC se Fabíola tinha sido presa alguma vez. Até o momento não há resposta.

Selma Floquet estava em um táxi, quando foi cercada por policiais militares no dia 12 de dezembro de 2016, na rua Sérgio de Carvalho, lá mesmo, no Alto das Pombas. A matriarca estava com uma certa quantidade de drogas e era a chefe do tráfico da região, segundo a PC na época. Em 16 de abril de 2007, ela foi condenada a três anos e seis meses de prisão pela 1ª Vara Crime de Tóxicos.

A morte de Fabíola não foi a única perda trágica da família. Em 22 de dezembro de 2019, o filho dela, o traficante Edeilson da Silva Miranda, o Coco, morreu em confronto na localidade conhecida como Baixa do Bispo, no Alto das Pombas. Apesar de não levar “Floquet” no nome, uma decisão de Selma por causa do estigma, Coco carregava no sangue a tradição da família: era um dos integrantes que deu mais trabalho à polícia, trocando tiros com rivais e com equipes da PM.

Fama

Em 2011, Coco ganhou fama pela ação de uma de suas primas que, durante incursão policial ao ser perguntada por um repórter do extinto programa de TV Na Mira, onde estava Coco, bateu na genitália, dizendo “Olha Coco aqui, ó”. A frase virou hit na internet com mais de 1 milhão de acessos no Youtube.

Mas a ligação dos Floquet com os holofotes começou em 1987,quando uma guarnição da PM, comandada pelo tenente Paulo Cunha invadiu o Calabar, atrás de ladrões de carro. Três homens foram presos – dois deles apareceram mortos – e o encanador Jorge Luiz Floquet, nunca foi achado, embora um fotógrafo do extinto Jornal da Bahia, Paulo Neves, tenha registrado sua imagem sendo levado pelos policiais.

Desde então, outros membros da família envolvidos em tráfico e roubos a bancos foram mortos. Entre eles, o assaltante de banco, José Floquet, vulgo Negão, e Leandro Floquet, acusado pela polícia de ser o mentor de chacina do Alto das Pombas, em junho de 2008, onde quatro pessoas foram executadas pelo domínio do clã.

Coco foi preso em 2011 sob a acusação de ter matado o taxista Jailson Santos de Jesus, em dezembro de 2010. Contudo, a família e amigos contestam. Testemunhas disseram que hora do crime ele estava na igreja.

Por Correio 24 Horas

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