Construção do Canteiro de Obras em São Roque do Paraguaçu

O relato a seguir dá uma noção rica em detalhes de como era a vida nos tempos áureos de São Roque com a grande feira impulsionada pela Estrada de Ferro e as linhas marítimas das décadas de 40 e 50:

“Lembro que em Janeiro de 1941 o primeiro trem passou por São Roque e em 1942 foi construído 120 metros dos 600 previstos do cais da Vila. Você sabia que São Roque era ponto de ‘fundeação’ em tempo de tormenta e também de embarque de manganês? (…) Os temporais na época eram terríveis, hoje é só uma chuvinha! A indústria de fumo, a Dannemann, era muito importante também! Em 1945 aportou o primeiro navio aqui. Na época do terminal do trem (fim da década de 30), que ficava logo ali no prédio Administrativo do SIMAS, existia maior equidade de renda para todos, todo mundo vendia e comprava na feira que ficava próximo, tinha o abatedouro também, os estaleiros. Não era como hoje que existe as classes e a maioria tá sem dinheiro. Na época tinha muito conflito também entre a Magnesita e os dirigentes da fazenda. (…) As festas eram pomposas, o capital girava sem obstáculos, tinha loja de grife aqui… Hoje tudo é esse Canteiro, e quando a obra acaba fica todo mundo aí….” (Sr. Antonio Mendes “Tripinha” – nascido em São Roque na década de 30).

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Construção do Canteiro da Petrobras. Comunidade aguardando a chegada do navio Maragogipe

A implantação do Canteiro de Obras da Petrobras em São Roque do Paraguaçu ocorreu na década de 70. A Petrobras comprou o prédio do antigo terminal da Estrada de Ferro Nazaré em 1976 e realizou sua primeira reforma em 1977 quando funda o Canteiro de Obras.

A década de 60 representa o fim do apogeu em decorrência da desativação de algumas etapas da estrada de ferro e a conseqüente redução do ritmo de crescimento demográfico. A decadência total da região e a volta à estagnação econômica ocorreria a partir de 1967, com a desativação por completo da ferrovia e do terminal de São Roque, a construção da ponte do Funil e o início do sistema ferry-boat ligando Salvador à Ilha de Itaparica.

“Lembro também da última viagem do trem, foi muito triste, ocorreu em 1971. Nos vagões, restos de trechos da ferrovia sendo levados para Nazaré. Ao contrário da ferrovia, com as rodovias a mercadoria chega no destino certo.”
(Sr. Antonio Mendes “Tripinha”, São Roque do Paraguaçu.)

*Entrevista concedida em 16 de janeiro de 2006 para a elaboração do diagnóstico da Agenda 21 de São Roque.

 

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