Vendas de produtos à base de cannabis nas farmácias brasileiras controladas 342,3% desde 2018, aponta pesquisa

As vendas de produtos à base de cannabis em farmácias no Brasil cresceram 342,3% desde 2018, segundo estudo recente do Cannabis & Health Portal. A receita cresceu significativamente desde a entrada do primeiro produto no mercado, com aumento de 156,1% de 2021 a 2022, gerando R$ 77.008.596,00.

As prescrições também cresceram 487,8% no ano passado, com o número de médicos prescrevendo produtos à base de canabidiol para compra na farmácia passando de 6.300 em 2021 para 15.400 no ano passado, representando um aumento de 146%.

Os neurologistas representam 33% de todos os prescritores de canabidiol, seguidos pelos psiquiatras com 26%, geriatras com 8%, pediatras com 7%, clínicos gerais com 5% e ortopedistas com 3%. “Essencialmente, essas especialidades representam mais de 80% do volume de prescrição desse mercado”, diz o estudo.

Tércio Sousa, clínico geral com certificação internacional em Medicina Endocanabinóide pela WeCann Academy (2021), disse que os números indicam a veracidade da informação de que a cannabis é hoje essencial na medicina. Ele acredita que os médicos que usam apenas tratamentos alopáticos muitas vezes não conseguem tratar os pacientes, levando-os a recorrer a tratamentos à base de cannabis.

No entanto, o alto custo dos produtos continua sendo um obstáculo, e a solução está na produção nacional de cannabis. “Vemos associações, como a Apepi, cultivando e aumentando a produção de plantas e óleos, amparadas por decisões judiciais. A Apepi tem capacidade de produção de 5.000 garrafas por mês. Uma vez liberado o cultivo nacional, tudo estará resolvido. Para isso, precisamos mudar a legislação”, disse Tércio.

Além da aquisição de produtos à base de cannabis no mercado interno, também é possível a importação excepcional para uso pessoal, mediante registro e anuência prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bem como prescrição médica.

A Anvisa esclareceu que as autorizações concedidas para a importação de produtos à base de cannabis passaram de 850 em 2015 para 153.671 em 2022. A agência também informou que existem 25 produtos à base de cannabis autorizados para venda nas farmácias brasileiras, com apenas um registrado à base de cannabis medicamento, Mevatyl.

Segundo a Anvisa, os produtos à base de cannabis são uma categoria criada no Brasil em 2019. “Não possuem indicação pré-aprovada no Brasil, pois não possuem dados conclusivos de eficácia e segurança no nível exigido para o registro de um medicamento. A indicação e forma de uso, bem como a população-alvo desses produtos, não são previamente aprovadas pelo órgão, sendo sua definição de responsabilidade do médico assistente do paciente”, informa o órgão.

“Esses produtos podem ser utilizados pela população brasileira sem outras alternativas terapêuticas, mediante orientação e prescrição médica, enquanto são concluídos estudos clínicos confirmatórios de sua eficácia para que futuramente possam ser registrados como medicamentos. O medicamento à base de cannabis tem indicações específicas comprovados e validados por meio de estudos clínicos, como qualquer outro medicamento”, acrescenta a Anvisa.

Tércio Sousa acredita que a comprovação científica da eficácia e segurança dos produtos à base de cannabis exige tempo e investimento. “As principais pesquisas feitas até agora têm o patrocínio da indústria farmacêutica. Agora, instituições de pesquisa como a Fiocruz e universidades estão se envolvendo, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que conseguiu permissão para cultivo”, disse. ele concluiu.

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